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LOGUN EDÉ

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Lógun Ẹ̀dẹ, ou Logunedé[1] é o orixá de origem Iorubá filho de Oxóssi e Oxum, cultuado no Candomblé brasileiro e outras religiões afro-diaspóricas.[2]

Especula-se que Logunedé tenha origem na nação Efã, região situada na Nigéria, sendo assim o príncipe desta. Daí que a expressão “filho do príncipe”, seja popular dentro de inúmeros terreiros de candomblé.

Este orixá é jovial, possui grande beleza e tabus, tendo aversão pela cor marrom e vermelha[3]. Diz-se que odeia mentira e confere aos sacerdotes dons psíquicos e êxito na feitiçaria, pois este é um exímio feiticeiro, caçador e orixá encantado, sendo o único Aboró (orixá masculino), a ter afinidade com as mães-ancestrais – as temidas Iami.

Madeira entalhada representando Logunedé, Carybé, Museu Afro-brasileiro, BA

É concretizado através de tradição oral, que este orixá agrupa em si a polaridade masculina e feminina – conceito talvez oriundo de influências esotéricas, contudo em sua origem africana, apesar de suas atribuições fluídas, ele possui três esposas – que são citadas em seu oriqui.[2][4]

Logunedé tem como símbolos o Cavalo-Marinho (animal cujo macho transporta os embriões em sua barriga), que ganhara de sua avó Iemanjá, o Pavão – o qual se transmuta assim como sua mãe Oxum, o Lírio, a flor de forte odor – que Oiá o encontrou envolvido quando Oxum o abandonou. É associado também, em seus oriquis ao Leopardo e à guerra, é o orixá que vem na linha de frente nos campos de batalha – e ao mesmo tempo representa o aspecto fluido e diversificado da natureza e de seus reinos.

Quando manifestado em seus eleguns e iaôs, é ornamentado com chapéu de couro ou pano de cabeça – turbante, podendo também usar coroa e o tradicional filá. Porta o espelho (Abebé) e o arco e flecha (ofá), após influência de estrangeiros, tornou-se comum ver o orixá ser vestido com tecidos vermelhos e portanto facão (espada ritualística) – o que no candomblé brasileiro, é incomum – a respeito do tecido vermelho ou de cor escura.

Utiliza joias, pulseiras e adereços em cor dourada ou acobreada, fazendo alusão à riqueza e a prosperidade que carrega e distribui para seus fiéis.

Entendendo a polêmica acerca das divindades não-binárias

Sabe-se que antes da dominação muçulmana e cristã, por parte de povos invasores no continente africano, sobretudo na região hoje conhecida como Nigéria ou Iorubalândia, muitos, senão todos os povos tradicionais desta terra, eram predominantemente matriarcais e matrifocais – estabelecendo uma cultura voltada à terra. aos cultos de mistérios e as manifestações focadas no sagrado feminino, onde raramente haviam conflitos, pois ao invés da guerra, preferiam estabelecer casamentos e intercâmbios com povos vizinhos.[5]

Como a cultura Iorubá também não escapou desta contraposição cultural, todo um sistema social fora alterado, inclusive o uso do Oráculo de Ifá, sendo restrito aos homens e tendo seus versos e aforismos, alterados para uma ótica proselitista, masculina e patrifocal.

Tendo ciência dos fatos ocorridos e historicamente comprovados, sabemos que no âmbito dos orixás encantados – que compreendiam corpos e expressões de gênero, fora da compreensão binária, imposta sobretudo pelas culturas abraâmicas e coloniais, geraram um grande epistemicídio para com essas deidades.

Até hoje debates extremamente retrógrados e pautados na cultura do sistema de gênero binário, são direcionados as manifestações e encantamentos de orixás como Oxumarê, Logunedé, Ossanhe e Otim.[2]

Inúmeros movimentos sociais voltados à sexualidade e representatividade LGBTQIAP+, utilizam dos simbolismos e histórias dessas divindades, como forma de amparo e fundamentação para a causa.

É sabido também, que inúmeras divindades com características andróginasnão-binárias e afins, estão presentes em diversas culturas pelo mundo, principalmente na cultura clássica e tupi-guarani. Portanto pode-se concluir que antigos e diversos povos, representavam a diversidade da natureza em seus deuses e figuras míticas, e não reproduziam ou sequer pensavam em padrões heteronormativos e dominantes.

Diante do século XXI e entre inúmeros estudos e debates de gênero, inúmeras Comunidades Tradicionais de Terreiro, estão abolindo de suas práticas o pensamento colonial e as amarras judaico-cristãs e hegemônicas, que distorciam a estrutura e filosofia dos cultos afros e seus mistérios.

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